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Falando de Música...

- The Beatles: A Hard Day's Night Sintetizar a carreira dos Beatles em poucas canções é tarefa dura. A Hard Days Night entra aqui pelo frescor que ainda exala quando ela é tocada; pelo acorde inicial de guitarra, que até hoje arrepia fãs de todo o mundo, e porque sempre vai estar ligada às cenas inicias do filme de mesmo nome, a melhor descrição do que foi a Beatlemania. Da mesma forma poderíamos lembrar de All My Loving, Help, She Loves You, Yesterday, I Wanna Hold your hand, gravadas entre 63 e 65 e ainda da primeira fase da banda considerada mais “fraca” que as posteriores. E ainda tem quem se pergunte porque eles foram tão grandes...

Rolling Stones: (I Can't Get No) Satisfaction Existem músicas e existem hinos, canções que marcam toda uma geração e continuam fazendo sentido para quem vem depois. Assim é Satisfaction, uma música que pode-se ouvir sem parar e mesmo assim não ficar cansado dela. Satisfaction além de ter se tornado talvez o maior clássico do rock, serviu para mostrar que o quinteto inglês não era mais uma entre as tantas bandas britânicas que estavam conseguindo emplacar na cola dos Beatles mas sim que eles eram uma banda com som e temática próprios e talento e arrogância em quantidades suficientes para lhes garantir um lugar ao sol mesmo quando a chamada invasão dos ingleses chegasse ao fim.

Bob Dylan: Like A Rolling Stone “Existem artistas que falam por sua geração”. Foi assim que Jack Nicholson apresentou Bob Dylan no Live Aid de 1985. Entrar no mundo de Dylan pode ser difícil: as letras são gigantescas, a voz anasalada não ajuda e até para quem fala inglês muito bem pode ser difícil de captar todas as imagens de suas letras. Mas quando você entra nesse planeta dificilmente sai. Essa canção é uma excelente porta de entrada para esse mundo: seja pela linha de órgão criada no improviso por Al Kooper (que sequer sabia tocar o instrumento), pela melodia forte que não cansa, apesar dos mais de seis minutos e pela interpretação carregada de Dylan contando a história da madame que vira mendiga. Dylan gravou vários discos e músicas fundamentais antes e depois desse compacto de julho de 1965, mas aqui mais do que uma simples canção a gente fala de um acontecimento que marcaria a história da arte no século 20. Para se ter uma idéia, o prestigiado jornalista Greil Marcus acabou de lançar um livro todo dedicado a ela, A Rolling Stone a elegeu a melhor música da história do rock e a revista inglesa Uncut também botou a música como o maior acontecimento da cultura pop dos últimos 50 anos.

The Who: Substitute O who surgiu no início dos anos 60 e logo se tornaram a principal banda Mod da Inglaterra (os mods gostavam de soul music, boas roupas, lambretas e de arrumar briga com os rockers). Antes de descobrir a ópera rock, Pete Towshend, o guitarrista e autor de 98% das músicas, era o rei dos compactos. Quase todos os singles que ele compôs para o Who nos anos 60 são não menos que antológicos. Talvez My Generation devesse estar aqui. Mas como, ao contrário do que a letra dizia, tanto ele, quanto vários outros de seus colegas de geração preferiram continuar vivos (e por vezes produzindo material de qualidade) ao invés de morrerem jovens, ficamos com esse perfeito exemplo de canção curta, grossa e capaz de levar o ouvinte para um outro estado de espírito.

- Velvet Underground: Venus In Furs Em 1967 o mundo era só paz, amor e flores no cabelo, quer dizer, menos para esses Nova Iorquinos que preferiam cantar sobre traficantes, heroína, paranóia ou, como nessa canção, sado-masoquismo. Tudo regado a muita dissonância, barulhos diversos e, sim, até boas melodias pop. O primeiro disco do Velvet não vendeu nada em sua época, mas, como costuma ser dito, quem o comprou montou uma banda. O grupo de Lou Reed (e John Cale que saiu depois do segundo LP para se tornar artista solo e produtor) pode realmente ser considerado visionário, já que o punk, o pós punk e os estilos dali derivados, jamais teriam existido sem os Velvets. Por causa disso, o “disco da banana” foi recentemente considerado a melhor estréia do rock – pela Uncut. Até agora ninguém chiou. O Velvet iria lançar outros três discos de estúdio igualmente importantes e todos também com péssimas vendas e acabaria em 1970. Lou Reed se lançaria em carreira solo e, ainda que não tenha se tornado mega-estrela, conseguiu se impor não só artística, mas também comercialmente, dentro do mercado (graças a ajuda de David Bowie que produziu sua música e disco mais conhecidos: Walk on the Wild Side presente em Transformer de 1973).

The Doors: Break On Through Assim como o Velvet Underground, os Doors tinham um fascínio pelo lado oculto da vida. Mas se a banda de Lou Reed passou anos no ostracismo, os Doors de Jim Morrison se tornariam ultra-populares, tocando para garotinhas histéricas e se apresentando no Ed Sullivan Show. Jim tinha um comportamento errático por conta do abuso de substâncias lícitas e ilícitas. Sendo assim a banda era capaz de gravar grandes músicas e discos de material bastante inferior. Break on Through obviamente entra na primeira lista, com a batidinha bossa-nova preparando a chegada do órgão de Ray Manzareck e a clássica entrada de Morrison: “You know the day destroys the night.. Jim morreu em 1971, os sobreviventes tentaram continuar mas desistiram após gravarem dois discos que, até hoje, quase ninguém ouviu.

Led Zeppelin: Whole lotta love Passada a onda psicodélica algumas bandas voltaram para o rock mais básico enquanto outras preferiram seguir viajando. Desse embate nasceriam dois dos estilos que definiram os anos 70: o rock progressivo e o hard rock/heavy metal. O Led deu seqüência às idéias do Cream de Eric Clapton e de Jimi Hendrix: um som pesado e com forte influência do blues americano. A essa receita o líder Jimmy Page acrescentou umas pitadas de música celta, um baterista mosntruoso (John Bohan falecido em 1980, selando o fim da banda) e um baixista quietinho mas muito talentoso chamado John Paul Jones. Ah tinha também o vocalista e sex symbol Robert Plant e seu jeitão de hippie e fã do “Senhor dos Anéis”. Some a isso um empresário brutamontes (que chegava a pegar 90% da bilheteria dos shows) e o resultado não poderia ser diferente: O Led se tornou a maior banda dos anos 70, mesmo com a crítica toda caindo de pau (coisa difícil de se acreditar hoje em dia). Selecionar uma ou duas músicas do grupo também é tarefa complicada. Stairway to heaven talvez até fosse a escolha mais óbvia, mas é em Whole Lotta love que se define o Led Zeppelin com o vocal gritado, o riff que todo guitarrista mais cedo ou mais tarde aprende a tocar e a parte final com o uso do Theremin selando a mistura de passado e futuro. Detalhe: o Zeppelin tinha o “hábito” de roubar antigos blues e renomeá-los (sem dar crédito nenhum para os autores). Para muitos Whole Lotta é somente uma versão turbinada de um antigo blues de howlin' Wolf chamado You Need Love.

David Bowie: Changes Bowie foi o artista símbolo da década de 70. Entre as inúmeras canções de David Bowie essa é a que melhor o sintetiza, principalmente pelo refrão: “Mudanças: vire-se e encare o desconhecido”. Já que foi isso que Bowie sempre fez por toda a sua carreira: arriscou-se em gêneros e personagens sem saber como sairia no final. Changes foi gravada em Hunky Dury, o último lançado antes de dominar a Inglaterra com seu disco e personagem Ziggy Stardust e abrir as portas para o glam rock. Depois Bowie estaria livre para atirar para todos os lados: voltou ao passado em um disco de covers, descobriu a música negra norte americana, abriu caminhos para a música eletrônica e a world music e finalmente, com Let's dance, de 1983 se tornou um dos maiores astros do planeta. Até chegar ao personagem dos dias de hoje: o cara cool e antenado nas bandas mais legais (como os Nine Inch Nails e o Arcade Fire).

Black Sabbath: Paranoid Há quem amaldiçoe o Black Sabbath por ter criado, praticamente sozinho, o Heavy-Metal. Já uma horda de adolescentes espinhentos sempre estarão prontos ajoelharem-se perante Ozzy Osbourne, Tony Iommy e cia. Exemplo clássico de banda desdenhada pelo público dito “sério” em seu tempo, o Sabbath com o passar dos anos viria a ser considerado um dos grupos mais importantes e influentes do rock. Os temas sobre ocultismo, o carisma de Ozzy, os riffs poderosos de Iommy, tudo contribuía para um som pesado, soturno e viciante e que as vezes até emplacava nas paradas, como essa canção, a única da banda a figurar no top 5 inglês e clássico incontestável atualmente.

The Who: Won't Get Fooled Again Em 1971 o Who já era uma mega-banda, principalmente por conta de Tommy, a ópera rock que vendeu horrores. Para dar seqüência àquele disco Pete Townshend veio com uma idéia ambiciosa que misturaria filme, um concerto gigante, o uso pioneiro do sintetizador e uma história que ninguém entendeu direito. O pacote todo se chamaria Lifehouse que, como era de se esperar, não vingou. Muito a contra-gosto Townshend então pegou as melhores músicas que havia composto para o projeto e assim nasceu“Who's Next” um dos discos mais queridos por fãs de bom rock. “Won't get fooled Again” se tornou um clássico e a canção mais emblemática da banda graças a força da banda (todos em seu auge como instrumentistas) e aos vocais de Roger Daltrey (há até quem defenda que o grito que ele dá quase no fim da canção é o maior momento da história do rock).

Yes: Roundabout O mais vilipendiado dos estilos do rock merece um pouco mais de carinho. É claro que muita bobagem foi feita em nome do Rock progressivo, e não colocamos muitas músicas do gênero nessa lista porque o prog-rock não foi feito para ser sorvido aos poucos e sim tomado de goladas. Apesar das faixas longas, a maioria dos medalhões do gênero sabia fazer coisas de mais fácil aceitação. Assim o Genesis tinha “I Know what i Like”, o Rush “Closer to the Heart”, o Jethro Tull “Aqualung” e o Pink Floyd “Money”. Selecionamos essa música do Yes porque (além dela ser muito legal, óbvio) ela é da banda talvez mais associada com o gênero (e por isso a mais criticada) e, ao contrário de muita coisa feita na época, sobrevive bem ao tempo (que o diga Jack Black que indica a música para o futuro tecladista da “Escola de Rock”).

Bob Marley: No Woman No Cry Bob Marley foi a primeira (e até agora única) mega estrela surgida em um país terceiro mundista. Marley tornou o reggae da sua Jamaica natal, em um ritmo universal. As apresentações de Marley no Lyceum de Londres em 1975 são um dos momentos chave da história do pop. Muitos os consideram os melhores shows dos anos 70. Se você quer saber se existe um fundo de verdade nisso é só ouvir o disco Live, ou apenas essa versão definitiva de um de seus maiores sucessos. No Woman, No cry já havia saído no disco Natty Dread mas é difícil achar quem se lembre da versão original hoje em dia (e olha que era uma bela versão). No woman, também tem importância para nós brasileiros, já que foi com a versão de Gilberto Gil (gravada em seu disco Realce de 1978 como “Não Chores Mais”) que o grande público daqui travou seu primeiro contato com aquele novo ritmo(já a primeira menção ao termo reggae por aqui cabe a Caetano Veloso que o mencionou em sua “9 out of 10” de 1972.

- Sex Pistols: Anarchy In The U.K. Se nos Estados Unidos o punk não vingou, na Inglaterra a história foi outra. Milhares de jovens cansados da monarquia, do rock pomposo, enfim de tudo, como é de se esperar quando se tem uma certa (pouca) idade, resolveram botar tudo abaixo em um dos períodos mais excitantes do rock. Ninguém simbolizou melhor essa geração que os Pistols para o bem (o carisma de Johnny Rotten, os grandes riffs do guitarrista Steve Jones) e para o mal (o niilismo desenfreado que acabou vitimando o segundo baixista Sid Vicious, com meros 21 anos e a idéia de que quase tudo feito ate então no rock deveria ser esquecido). O legado da banda se resume a apenas um disco (fora a trilha de “The Great Rock'n'Roll Swindle) mas ele perdura até hoje, basta ouvir Nirvana, Green Day, Offspring, Oasis e tantas outras que tentam emular, cada um a seu modo, os riffs de Steve Jones e a postura de Johnny Rotten e suas letras que misturavam raiva, política e bom humor (“eu sou um anarquista, sou o anticristo, não sei o que quero mas como conseguir, eu quero destruir”). Anarchy in UK é tão emblemática que ninguém deverá se surpreender se um dia ela começar a ser usada em salas de aula inglesas para explicar qual o era o estada das coisas no já longínquo 1976.

Ramones: Sheena Is A Punk Rocker Mais uma dúvida: se, como se diz, os Ramones só gravaram uma única música em toda a sua carreira, bastaria então escolhermos uma canção qualquer do grupo aleatoriamente e tudo estaria resolvido. É claro que não é bem assim. Mesmo trabalhando dentro de uma área bem delimitada: um rock veloz, curto e grosso e quase sem solos, a banda de Nova York tem um punhado de bons discos e um número ainda maior de músicas memoráveis em seu currículo. “Blitzkrieg Bop” por ter sido a primeira a ser lançada tem importância monolítica e “I wanna be sedated” foi o grande hit que a banda não teve e merecia (apesar de serem nomes comuns por aqui é bom lembrar que os Ramones nunca venderam bem nos EUA). Então vamos sair pela tangente e escolher “Sheena is...” que além de ser muito querida não só pelos fãs da banda, foi uma das raras faixas do grupo a chegar no top 100 e define bem o estilo do grupo que no fundo era uma adaptação para os sombrios anos 70 do som alegre e inocente do início dos 60. Mesmo assim, sem esse som muitas bandas e gêneros que surgiram depois ou não existiriam ou seriam bem diferentes (punk inglês, hardcore dos anos 80, grunge, o neo-punk dos anos 90...).

The Cure: Apesar de ser uma banda punk tipicamente inglesa e muito influenciados pelo Sex Pistols, fizeram um som de 1º categoria e canções poéticas e melodias que até hoje são tocadas nas melhores rádios do mundo todo. No final dos anos 80 até meados do final dos anos 90, esta banda influenciou muitas outras, assim como, era CD de cabeceira de várias tribos. Canções como Letter to Elise, Appart, do album Wish, mostram o lado punk da banda, mas ao mesmo tempo, a sensibilidade.

The Police: Message In A Bottle Ok, o grande momento de Sting e do Police foi Every Breath You Take e estamos conversados. Mas o fato é que o grupo entrou para a história por outros motivos além de ter escrito uma das melhores baladas dos últimos tempos. O grande lance do Police foi ter popularizado o termo: “reggae de branco”, ajudando a tornar o som da Jamaica palatável não só para rockeiros menos abertos mas para o público em geral. O Police também contrariava a escola punk que dizia que quanto menos se soubesse tocar melhor. Todos os três policiais eram excelentes músicos, mas eles entenderam que o segredo estava na simplicidade. É por isso que Message in a Bottle está aqui, por mostrar exatamente o porquê de até hoje ter tanta gente lamentando o fato de Sting, Andy Summers e Stewart Copeland não estarem mais juntos no palco e estúdio. E porque sem ela o rock brasileiro dos anos 80 teria sido bem diferente (que o digam os Paralamas do Sucesso, Blitz e Léo Jaime).

Pink Floyd: Comfortably Numb Quando surgiu em 1967 o Pink Floyd rapidamente se tornou a principal banda da cena psicodélica inglesa. Nessa época o líder da banda era Syd Barret (recentemente falecido). O Floyd de Barrett lançou compactos antológicos como See Emily Play e Arnold Lane e o disco The Piper at Gates of Dawn. Infelizmente as “experiências” de Barret com alucinógenos não foi das melhores e já em 1968 ele se mostrava impossibilitado de seguir com a banda. Começava então o reinado de Roger Waters que transformou o Floyd em uma das primeiras bandas do nascente rock progressivo. E conquistaram um público enorme ávido pelo instrumental do grupo e pelas letras paranóicas e depressivas de Roger Waters. Comfortably Numb está em The Wall, praticamente um disco solo de Waters. Uma das poucas exceções é essa música, feita em parceria com o guitarrista David Gilmour. A divisão bem definida entre os dois compositores lembra certos momentos dos Beatles (A Day in the Life, we can work it out, I've got a Feeling...) onde se via claramente o que tinha sido feito por cada compositor. Infelizmente esses momentos de colaboração foram raros na carreira da banda. Em 1983 o Floyd lançou The Final Cut (outro “solo” de Waters) e se despediu. Sem Waters eles se reuniram novamente e nasceu assim o terceiro Pink Floyd, que virou uma máquina de fazer dinheiro principalmente com seus shows apesar dos narizes torcidos dos fãs mais antigos e de toda a crítica.

Neil Young: My my, hey hey (Out of the blue) Se existe alguém que personifica o rock, esse alguém é Neil Young. Símbolo máximo do artista inquieto que assume os maiores riscos sem se importar com as conseqüências, Neil serve de modelo para quem acha que é possível ter uma carreira longa, instigante e digna. Grosso modo existem dois Neils: um que escreve baladas tranqüilas temperadas pelo folk e country. Esse Neil gravou faixas como Heart of Gold, After the Goldrush e Helpless. O outro gosta de fazer barulho, de preferência ao lado do Crazy Horse, uma das duas ou três melhores bandas acompanhantes de todo o rock. Essa faceta pode ser conferida em discos como Zuma e em canções como Cinnamon Girl e Rockin' in the Free world. My, My, Hey, hey acaba matando dois coelhos com a mesma cajadada, já que foi gravada dos dois modos (no disco Rust Never Sleeps que tinha um lado elétrico e um acústico). Mais que isso ela é a música símbolo de Neil com o famoso verso: “é melhor queimar que esvanecer” citado por Kurt Cobain na carta encontrada ao lado de seu corpo. Por causa disso Neil (que hoje em dia viu que uma ou outra ferrugem na lataria não condena o carro por inteiro) disse que não iria mais cantar a música. Felizmente ele mudou de idéia e a tocou em seu único show no Brasil (em 2001 no Rock in Rio 3).

Joy Division: Love Will Tear Us Apart Em 1979 o punk já dava sinais de desgaste, foi quando o pós punk surgiu. Várias bandas abraçaram o gênero (marcado por baixo pulsante, guitarras esparsas e canções intensas mas não necessariamente melódicas). Entre os principais nomes estavam o PIL, formado pelo ex-vocalista dos Sex Pistols Johnny Rotten, agora John Lydon, especializado em experimentar com o reggae e o dub. A Gang of Four com sua mistura de punk com funk e, principalmente, o Joy Division. O Joy era um quarteto de Manchester que começou punk e em dois discos criou um som bastante original (com a ajuda fundamental do produtor Martin Hannet). Boa parte do que é chamado hoje de “rock dos anos 80” tem as suas origens no som da banda. Love Will Tear us Apart, uma das mais dolorosas canções de amor desde sempre, deveria ter sido o trampolim da banda para o sucesso. Deveria se Ian Curtis não tivesse se enforcado com apenas 23 anos às vésperas da primeira turnê norte-americana. Tony Wilson, o chefe da gravdora deles, a Factory, contou recentemente que logo depois do ocorrido um ainda jovem Bono lhe disse que estava pronto para assumir a missão de Ian. Os sobreviventes do Joy se reorganizaram como New Order numa história que será vista mais á frente.

Soft Cell: Tainted Love Caso raro de regravação que supera a original, Tainted foi gravada pela primeira vez em 1964 pela cantora de soul Gloria Jones. Mas a versão que até hoje é ouvida (nem que de forma indireta: A canção S.O.S de Rihanna é construída sobre um sample dela) é a de 1981 gravada pela dupla Soft Cell. Tainted Love foi o compacto foi o mais vendido em 1981 na Inglaterra e chegou entre os 10 mais dos EUA. Com o fim do punk um se número de novas vertentes e sub-vertentes surgiram no horizonte. A do tecnopop foi uma das mais bem sucedidas tanto artística quanto comercialmente e seguiria forte durante o resto da década graças a nomes como Depeche Mode, Human League, OMD., Yazoo, Associates e outras bandas que descobriram na eletrônica um jeito novo e criativo de se fazer música. Na segunda metade dos anos 80 o gênero foi perdendo a força, mas grupos como os Pet Shop Boys e o Erasure mantiveram a chama do gênero viva.

New Order: Blue Monday Durante a década de 80 o Joy Divison foi tomando proporções mitológicas. Os três músicos sobreviventes (acrescidos da tecladista Gillian Gilbert) tomaram a inteligente decisão de, aos poucos, se afastarem do som da antiga banda. Assim, o som soturno e melancólico, foi dando espaço pra uma música dançante, eletrônica e... melancólica. Não seria exagero considerar Blue Monday a música mais importante dos anos 80. Além de ter se tornado o compacto de 12 polegadas mais vendido da história inglesa (a capa feita em formato de disquete custava mais para ser confeccionada e como resultado a gravadora deles, a Factory, continuou no vermelho), Blue Monday serviu para começar a quebrar preconceitos, abrindo os olhos dos roqueiros para a dance music (coisa que desde a discoteca não era muito bem vista) e vice-versa. Os descendentes ainda hoje estão surgindo. De Stone Roses ao Prodigy passando pelo Franz Ferdinand muita gente se beneficiou, mesmo que indiretamente, com as lições ensinadas pelo quarteto de Manchester. Com o dinheiro ganho com essa música a banda pôde abrir o Hacienda, um dos mais importantes clubes para o desenvolvimento do pop inglês (para mais detalhes confiram o filme; “A Festa Nunca Termina”).

The Smiths: How Soon Is Now? A chegada da banda de Morrissey e Johnny Marr na cena pop é um caso de timing perfeito. Em 83, as sonoridades pós punk já davam mostra de cansaço. Sobrava o pop das paradas, encabeçado pelos new romantics Duran Duran e Culture Club que eram, simpáticos, mesmo geniais em certos momentos, mas sem muita utilidade se você buscava emoções menos rasteiras. Dava então para assumir o modelito preto e virar gótico niilista-existencialista (os anos 80 adoravam rótulos, especialmente esses que ninguém conseguia explicar direito) fã de Siouxsie, Bauhaus, Cure e Sisters of Mercy. Os Smiths chegaram então para falar com todos que se sentiam excluídos da “grande festa da música oitentista”. Estava ali um grupo que soava diferente de quase tudo que viera antes, e, mais notável, sem apelar para experimentações e radicalismos. O som dos Smiths se fundamentou em duas bases: as melodias de Johnny Marr e as letras de Morrissey e seus contos de desilusão, desamor e inadequação aos tempos modernos. Os Smiths gravaram várias obras-primas, mas nenhuma tão perene quanto How Soon is Now. Afinal quem nunca foi em uma festa com grandes expectativas e voltou pra casa sozinho e amaldiçoando o mundo que atire a primeira pedra.

- U2: One Desde 1987 e o estouro de Joshua Tree, o U2 é a maior banda do planeta. Tendências vêm e vão, a crítica reclama se a banda muda de som e também xinga se eles não mudam, o público ameaça trocar de ídolo, mas no fim todo mundo ainda presta atenção aos novos discos da banda, que, verdade seja dita, ainda não se deitou sobre seus louros. Sempre foi curioso ver como não só o U2, mas os seus companheiros de geração em geral, apesar de terem criado um cancioneiro vasto e de qualidade, raramente criaram os chamados standarts, aquelas canções que ganham diversas regravações e que nos dão a impressão que sempre estiveram por aí. One foi a música que mostrou que a geração dos anos 80 também tinha fôlego para criar canções tão duradouras quanto os maiores clássicos do rock das décadas passadas. Nascida em um período complicado para o grupo, que sentiu que precisaria se renovar se quisesse continuar em evidência nos anos 90, One foi a música que mostrou que o grupo estava na direção certa e os impulsionou a terminar o disco Achtung Baby. One se tornou não apenas o ponto central de todos os shows do U2 como se mostrou uma canção versátil o bastante para ser interpretada tanto por Johnny Cash (que a gravou de forma tocante) quanto por Mary J. Blige que levou a canção novamente às paradas em 2005.

Nirvana: Smells Like Teen Spirit É uma pena que o suicídio de Kurt Cobain tenha, para o bem e para o mal, colocado toda a obra do Nirvana em outra perspectiva. Assim, a música do grupo é vista com um certo desprezo por gente que acha inconcebível que “o som do cara que se deu um tiro na cabeça” seja ouvido com a mesma reverência dos grandes clássicos. Por outro lado, essa mesma reverência torna difícil que se escute o Nirvana pelo que eles foram de melhor: uma grande banda de pop barulhento. Quem está na casa dos 25/30 anos ainda deve se lembrar de como foi ouvir Smells Like Teen Spirit, pela primeira vez, da excitação trazida por aquela música aparentemente banal, da sensação de que os anos 90 estavam começando. Essa é a sensação que deve ser buscada não só quando algum hit da banda tocar, mas principalmente ao se descobrir uma banda nova. A grande lição deixada por Kurt Cobain foi exatamente essa: a de que o rock sempre consegue se reinventar especialmente quando ele parece estar morto.

Pearl Jam: Jeremy Que o Nirvana foi a banda mais importante dos anos 90 praticamente não se discute, mas o Pearl jam foi a mais influente, principalmente pelo fato de que, ao contrário da banda de Cobain, eles sempre acreditaram mais na mitologia e em um passado glorioso do rock. Verdade seja dita, gostamos de ver os músicos como heróis e não como caras comuns, e ainda que o Eddie Vedder se esforce para parecer um cara qualquer, não é assim que seu público o vê. O Pearl Jam sempre teve uma queda pelo som praticado nos anos 70 por gente como o Led Zeppelin, Neil Young e o Who além da influência do punk e do rock alternativo dos anos 80. Essa mistura agradou não só á molecada mas também aos fãs mais tradicionais de rock que transformaram a banda numa das mais influentes dos últimos anos (basta ver a quantidade de clones de Eddie Vedder que já surgiram desde então), o pontapé inicial dessa trajetória foi Jeremy que apresentou ao público da MTV aquele cantor “que fazia umas caras estranhas enquanto o menino se matava na frente dos colegas” ao som de uma música nervosa e dramática e que, ainda hoje, é o momento mais aguardado nos shows da banda.

Oasis: Live Forever Os detratores do Oasis costumam dizer que a banda não tem valor por três motivos básicos: A - porque sempre fazem a mesma coisa. Argumento razoável, mas de Jorge Benjor aos Ramones dá pra fazer uma lista só com gente “que sempre faz a mesma coisa. B – Que eles acabaram com qualquer chance de evolução no rock jogando a Inglaterra (que sempre se responsabilizou por lançar tendências) em uma onda retrógrada e auto-celebratória. Mais uma vez, ser retrô não é necessariamente algo ruim, e é impossível ir para frente sem conhecer o passado. O lado celebratório tinha razão de ser também, afinal o auge da banda marca o fim do reinado conservador e a chegada de Tony Blair ao poder. E finalmente os ingleses tinham bandas boas o bastante para colocar o país de volta ao mapa do pop depois de amargarem anos de obscuridade por conta do grunge, do REM, do Metallica e por aí afora. C - os irmãos Gallagher são um saco. Ok, aí já fica mais difícil a defesa, mas a gente leva para casa o disco e não as pessoas que o fizeram. O grande lance do Oasis foi ter trazido de volta o prazer de se ouvir a música pop de três minutos.. Entre os vários compactos do grupo, Live Forever sempre terá um destaque especial, mais até do que Wonderwall, porque é nela que está tudo de bom que o Oasis sabe fazer: canções com melodias fortes, instrumental enxuto e uma das melhores interpretações de Liam Gallagher (que no futuro iria exagerar nos maneirismos dando mais lenha para quem detesta a banda). A letra também merece destaque, afinal depois de anos de escritores melancólicos, suicidas ou desesperados encontrar alguém otimista o bastante a ponto de querer “viver para sempre” era um alívio e tanto.

Fonte: Internet