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Redes Estrangeiras Disputam Mercado Brasileiro

27/06/2014 - Valor Econômico

O Brasil continua na alça de mira das grandes redes varejistas estrangeiras, atraídas pela estabilidade econômica, por um sistema jurídico que respeita os contratos internacionais e, principalmente, por um mercado consumidor enorme em plena evolução. Hoje, a classe média soma 108 milhões de pessoas, 54% da população, com previsão de chegar a 125 milhões em 2023, segundo a Serasa Experian e o Instituto Data Popular. Algumas das estrelas deste ano são a Forever 21 e a Apple, que acabam de abrir as primeiras lojas no Shopping Morumbi, em São Paulo, e no Village Mall, no Rio de Janeiro. Já a Cotton On está prestes a se instalar no Shopping Center Norte, São Paulo.

O franchising é a porta de entrada para a maioria das marcas internacionais. Como o setor de franquias é o grande parceiro da indústria de shoppings, optar pelos centros de compras para abrigar as primeiras lojas é um caminho natural. No ano passado, 38 varejistas estrangeiros desembarcaram no Brasil pelas mãos do franchising. Entre elas, a Coldwell Banker (imobiliária), Hypoxi (beleza) e 7Camicie (vestuário). Algumas já estavam presentes no mercado nacional, mas sem franquias. É o caso da Adidas, Calvin Klein e Samsung. Outras são estreantes, como a GAP e Desigual.

Este ano devem chegar a Pollo Tropical, Arábica Coffee House e SubZero, todas da área de alimentação, que estão em fase final de negociação. Também são esperadas a Eataly (comida italiana), H&M (vestuário), Cheesecake Factory (alimentação) e Arby's (alimentação). Já a Dunkin Donuts, que desembarcou no Brasil nos anos 1980 e saiu em 2005, negocia a volta pelo sistema de franquias. A Benetton também retornou ao país no ano passado com uma loja no Pátio Batel, de Curitiba (PR).

Apesar da efervescência- pelo menos 15 marcas internacionais anunciaram a disposição de entrar ou expandir seus negócios no Brasil durante a ABF Franchising Expo 2014 -, vários consultores dizem que a procura já foi maior no início da década, quando a crise internacional obrigou varejistas europeus e americanos a procurar outros mercados. "O Brasil foi a bola da vez até 2012, quando atraiu marcas de grande prestígio internacional. Agora, a procura diminuiu, embora se mantenha constante", diz Ana Vecchi, diretora da Vecchi Ancona Inteligência Estratégica. "Os investidores estão mais cautelosos em relação ao Brasil, avaliando cada detalhe do negócio", reforça Cláudia Bittencourt, diretora geral do Grupo Bittencourt. "Mesmo assim, o país ainda é considerado um mercado muito interessante e há grande movimentação na formatação dos negócios em áreas como hotelaria, moda e entretenimento", diz.

Os próprios shoppings se movimentam em busca de novos lojistas e as redes têm equipes específicas para fazer esse trabalho. "A atualização do mix de produtos é um trabalho constante porque é preciso modernizar os malls e oferecer novas opções de compra ao consumidor", explica Eduardo Novaes, superintendente do Grupo Multiplan. Algumas negociações chegam a durar de dois a três anos. "Negociamos diretamente com a Zara e a Forever 21 e conseguimos atraí-las para nossos empreendimentos", conta o executivo. A inauguração da Forever 21 no Morumbi Shopping, em São Paulo, e no BarraShopping, no Rio de Janeiro, foi um sucesso. Em São Paulo, o estoque programado para três meses acabou em 24 dias.

A chegada das marcas internacionais é considerada extremamente benéfica para o varejo brasileiro e para os shoppings em particular. "A chegada da Zara não afetou as vendas de redes como Riachuelo e C&A. Ao contrário. Todas registraram crescimento porque a concorrência estimula a qualificação de produtos e serviços", afirma Luiz Augusto Ildefonso da Silva, diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop).

Brasil Cai Para 5ª Lugar em Ranking de Varejo

16/06/2014 - Valor Econômico

Após três anos seguidos na liderança, o Brasil caiu para a quinta posição em atratividade no varejo global, atrás de Chile, China, Uruguai e Emirados Árabes. O crescimento do PIB abaixo do esperado e o impacto da inflação sobre o poder de compra da população estão entre as principais razões da perda de posição do país no Índice de Desenvolvimento do Varejo Global de 2014, a ser divulgado hoje pela consultoria A.T. Kearney. Anual, o indicador mede a atratividade dos países emergentes para as empresas globais de varejo com base em mais de 20 variáveis, que englobam de investimentos em infraestrutura a riscos políticos.

Além do baixo crescimento e da inflação acima da meta, Pietro Gandolfi, diretor da A.T. Kearney, destaca a "tensão negativa" no ambiente de negócios brasileiro, inexistente há alguns anos. "Ser um mercado grande não é suficiente para tornar o país super atrativo, senão o primeiro lugar ficaria com a China nos próximos 20 anos", afirma ele. Na semana passada, o IBGE divulgou queda no varejo restrito brasileiro pelo segundo mês consecutivo (março e abril).

Gandolfi, porém, lembra que o quinto lugar na lista não significa "não ser atrativo". Para ele, empresas brasileiras e estrangeiras seguirão investindo no Brasil, especialmente companhias com conceitos de loja e proposta de valor diferenciadas, deixando o varejo generalista para grandes redes que já atuam no país, como Carrefour e Walmart.

Entre os cinco primeiros do ranking, o "pequeno" Chile assumiu o primeiro lugar, diz Gandolfi, favorecido pelo crescimento econômico na casa dos 4% nos últimos anos e pela expectativa de que esse ritmo perdure. Apesar de ter um mercado consumidor menor, sobretudo se comparado a Brasil e China, o executivo destaca que o Chile conta com um ambiente regulatório saudável e consumidores com elevado poder de compra e gosto sofisticado.

Além da China, cujo tamanho do mercado mantém o país entre os mais atrativos, os outros dois países a figurar entre os cinco primeiros do ranking - Uruguai e Emirados Árabes Unidos - são pequenos, mas "preciosos", segundo Gandolfi, por serem áreas de zona franca ou terem regime de tributação diferenciado.

Uma surpresa positiva na nova listagem foi a entrada de países da África subsaariana, como Botswana e Namíbia, que, embora figurem nas últimas posições, são considerados a próxima fronteira para investimentos. Venezuela e Argentina deixaram temporariamente a listagem em 2014 em razão de instabilidade política e insegurança econômica.

PIB à espera do investimento
16/06/2014 - Brasil Econômico

Novas projeções de economistas reforçam o enfraquecimento do PIB em 2014. Num momento em que o consumo interno—responsável pelo crescimento do país nos últimos anos — parou de crescer, seria a hora de o investimento aparecer como novo motor.No entanto, o clima de desconfiança atingiu em cheio o empresariado e especialmente o setor industrial, em uma encruzilhada na qual o país só deve sair a partir de 2015, com os novos empreendimentos em infraestrutura.
“O governo vinha estimulando a economia via consumo,mais do que a produção. E não vamos ter nesse momento nem investimento, nem crescimento notável do consumo. Estamos em uma fase de transição em que o crescimento seria mais voltado ao investimento, mas há muitos componentes de incerteza,com perda da confiança”, diz o economista Aloisio Campelo, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Pesquisa divulgada pela Federação Brasileira de Brancos (Febraban) mostra que o desempenho cada vezmais negativo da indústria reduziu as expectativas para o PIB. Consultados entre 6 e 10 de junho, 28 economistas de bancos reduzirama previsãomédiado crescimento do PIB para este ano de 1,8% para 1,4%. Para 2015, a previsão para o PIB recuou de 2,2% na pesquisa anterior, feita emabril, para 1,7%.
O crescimento da indústria foi o item que sofreu a maior revisão para baixonas projeçõesdolevantamento da Febraban, ao passar de 1,6% para apenas 0,4% em 2014. JáoIbre, emseu boletimmacroeconômicodestemês, intitulado “Quadro econômico continua ruim,mas não catastrófico”, estima alta de 1,6% para este ano, após projeção de 1,8% em maio.
“A clara deterioração da dinâmica industrial desde o início deste ano é que nos levou a revisar a projeção do crescimento”, diz o boletim.
Para o Ibre, a economia continua emtrajetória de lenta expansão, mas semsinais de estresse.
OÍndicedeAtividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), indicador antecedentedo PIBdivulgado peloBancoCentral, corrobora para o baixo dinamismo. Em abril, subiuapenas 0,12%emrelação amarço, oquesignificouretração de 2,29% na comparação com abril do ano passado.
No primeiro trimestre, a taxa de investimento sobre o PIB ficou em 17,7%, no menor nível desde 2009. A indústria apresentou retração de 0,8% sobre os últimos trêsmesesde 2013,puxada pela indústria de transformação, cuja queda foi de 0,8% e pela construção civil, com retração de 2,3%.
Em abril, a produção industrial caiu 0,3%sobremarço e teve forte retração,de5,8%, quandocomparada a abril de 2013. Já o consumo das famílias recuou 0,1% no primeiro trimestre e interrompeu umciclo de nove trimestres de alta.
A queda de 0,4% no comércio em abril, no segundo mês seguido, sinaliza para a continuidade da cautela do consumir.