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Matéria Jornal Diário de Pernambuco

Carros duas cabeças: mito ou realidade?

Consumidor tem a vantagem financeira na hora da compra. Cuidado deve ser com modelos sem o airbag e o ABS

Marília Parente - Diario de Pernambuco
Publicação: 06/02/2014 11:15 Atualização: 06/02/2014 11:35

Na mitologia grega, volta e meia, Hércules se estranhava com a hidra de Lerna, uma criatura pavorosa, de várias cabeças. A cada cabeça decapitada, nasciam duas no lugar. Pois é assim que muito consumidor anda vendo os veículos 2013/2014 - ou duas cabeças, como os concessionários gostam de chamar os carros cuja data de fabricação é um ano mais antiga do que a do modelo. Os compradores receiam que o ano de fabricação do carro dê prejuízo numa futura revenda. Já os lojistas defendem que os parâmetros para preço de negociação são o modelo e o estado de conservação.

O gerente de vendas da Disnove/Volkswagen Bruno Lima, garante que a desvalorização dos carros duas cabeças na hora da revenda não passa de mito. "Para o consumidor, os 2013/2014 são mais interessantes, porque como foram comprados antes da virada do ano, estão mais baratos. Eles entram sem IPI, sem o reajuste de preço e, muitas vezes, com redução de taxas", comenta Bruno. Diretor da ViaSul, Roberto Figueiredo lembra que a procura por carros duas cabeças foi grande no começo do ano. "Quem quiser seu 2013/2014 tem que correr, eles só devem durar em nossos estoques até o final desse mês".

Samir Ferreira priorizou economizar em 2010, quando comprou sua Hyundai Tucson 
 (Júlio Jacobina/DP/DA PRESS)
Samir Ferreira priorizou economizar em 2010, quando comprou sua Hyundai Tucson
 

O excesso de crédito no mercado facilita a compra de carros zero e, consequentemente, desvaloriza os carros seminovos, os quais podem ser ainda mais depreciados se forem duas cabeças. Professor da Faculdade Boa Viagem (FBV) e analista financeiro, Roberto Ferreira explica: "a depreciação média de um carro seminovo de um ano para o outro está em torno de 25%. Se for um seminovo duas cabeças, que tem a data de fabricação mais antiga, a desvalorização pula para algo em torno de 30%", explica o professor. Assim, quem comprar seu carro 2013/2014 esse ano pensando em revender no próximo, só vai conseguir negociá-lo por cerca de 70% de seu valor. "Se meu carro custa R$ 30 mil, é provável que eu consiga revendê-lo ano que vem por R$ 21 mil", exemplifica Roberto.

O outro lado
Para o administrador Samir Ferreira, a prioridade é gastar menos. "Em 2010 comprei meu Tucson. Eu procurava o modelo do ano e me ofereceram ele. A única diferença é que meu carro foi fabricado em 2009, mas não me sinto prejudicado. Ele tem todos os acessórios que teria se fosse recém-fabricado".

Nem sempre é assim. Como foram fabricados no ano passado, alguns duas cabeças sem as novas medidas de segurança - airbag e ABS - ainda estão disponíveis para compra. Muitas concessionárias oferecem descontos em carros como estes, mas é preciso ter cautela. O analista alerta: "além de comprometer a segurança dos passageiros, a ausência do airbag e do ABS certamente vão desvalorizar o carro no futuro". É preciso ter em mente que a pechincha de agora pode custar caro no futuro.